segunda-feira, 2 de abril de 2012

O cara que não sorri


E ele não sorria. 
Não importava a piada, a ocasião. Nenhuma palavra, ou situação esboçava nele uma gargalhada. 
O que teria feito a vida pra lhe tirar o sabor da boca aberta e dentes à mostra?
Ou ainda, o que teria feito a boca pra que ele escondesse da vida o riso?
E então, meu caro, por que você não sorri?
Achava graça, contava histórias, fazia piadas. No máximo ruborizava, encolhia a cabeça entre os ombros e voltava a postura séria.
Não, esse cara não sorri.
Olhos claros, por vezes, pareciam mel derretendo ao longo de um momento de humor. Mas os lábios continuavam lá. Cerrados. Os dentes virgens talvez estivessem fechados para balanço. Vai saber. 
Ele abraça, ele compartilha, ele sonha. Ele até faz cafuné. Mas não, ele não sorri.
Olha no relógio e em volta, vê a vida passar. Participa, elogia. Mas não, ele não sorri.
E todo mundo olha, e duvida. E estranha. Ele sabe, compreende e não se acanha.
E mesmo com toda a graça, com tanta cócega, não adianta. Ele não sorri.
Pra mim, é um castigo pro mundo. Pra ele, um refúgio pra si.


Beijo-Li
;-)